Dia do samba: Redutos do ES comemoram dia da maior manifestação cultural brasileira
02/12/2023
(Foto: Reprodução) No Espírito Santo, além da Unidos da Piedade, que une três comunidades da região central de Vitória, pelo menos outras 19 escolas de samba têm em seu nome, bandeira e nas cores a identidade de comunidades inteiras. Dia do samba: Redutos do ES comemoram dia da maior manifestação cultural brasileira
"Pai do prazer", "filho da dor", "eterno delírio do compositor", "é de moça" ou "é de moça só"🎶. Tanto se diz sobre esse que hoje é um dos maiores - senão o maior - representante da cultura brasileira. Não é à toa que, quem não gosta dele, bom sujeito não é. Neste sábado (2) é comemorado o Dia Nacional do Samba🥁.
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Tudo começou na década de 1960, quando o compositor Ary Barroso visitou Salvador. Naquele ano, um vereador da capital baiana decretou o dia 2 de dezembro, dia da visita, como o Dia municipal do Samba.
Isso aconteceu porque, dois anos antes, Ary Barroso havia composto a famosa "Na baixa do sapateiro", do internacionalmente conhecido verso: "Bahia que não me sai do pensamento". Somente décadas depois, em 2007, todo o Brasil passou a comemorar o Dia do Samba na mesma data.
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Porém, falamos de Bahia, e há ainda o samba carioca, os sambas de enredo das tantas escolas de samba, os sambas de roda, o partido alto... São tantas as denominações e as origens que nem mesmo os historiadores sabem dizer onde começou a história do samba brasileiro. No Rio de Janeiro, o samba data da década de 1920, quando foi gravado o primeiro disco de samba, com a música "Pelo Telefone", de Donga.
"Como historiadores, temos dificuldades muito grandes de ter uma referência, tanto espacial quanto temporal, do samba. A palavra 'samba' é de origem bantu, povo da região de Angola. Essa palavra vem com os escravizados e aqui no Brasil descreve muitas coisas. Existe o sentido religioso: a palavra 'semba', que vem antes do samba; o passo da dança e o ritmo musical. Por muito tempo, a palavra samba designou tudo que era de origem africana", explicou o professor, historiador e sambista Marcus Vinicius Sant'Ana.
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Oliveira Alves/TV Gazeta
Como o samba chegou ao ES
No Espírito Santo, o samba chegou pouco tempo depois, quando retirantes vieram de outros estados para trabalhar. A primeira menção ao samba capixaba, segundo Marcus, acontece nos primeiros anos do século XX. Além disso, após capixabas cumprirem o alistamento militar no Rio de Janeiro, capixabas trazem o samba de escola de samba e aqui fundam a primeira delas, a Unidos da Piedade, em 1950.
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No entanto, segundo o professor, historiador e sambista Marcus Vinicius Sant'Ana, o samba se tornou "branco na poesia" com o processo de firmamento como identidade nacional. Como forma de firmá-lo como a identidade de todo o povo brasileiro, de forma formalizada pelas autoridades, o samba acabou por ser afastado de suas origens negras africanas. No entanto, nunca deixou de ser "negro demais no coração", pois ainda hoje representa a musicalidade de grande parte das periferias brasileiras.
"O samba se tornou um elemento nacional já na década de 1930, em uma política de estado. Por muito tempo, o sambista foi tido como "vadio", criminalizado. De um lado, o sambista cansado de tomar pancada da polícia, e do outro o Estado querendo controlar aquela massa, elevaram o samba à categoria de identidade nacional. Isso ao custo do embranquecimento, um processo de desafricanização. Porém, acho que esta efetivação foi o que tornou o samba forte", disse Marcus.
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Samba que une comunidades
No Espírito Santo, além da Unidos da Piedade, que une três comunidades - Moscoso, Fonte Grande e Piedade - da região central da Capital, pelo menos outras 19 escolas de samba têm em seu nome, bandeira e nas cores a identidade de comunidades inteiras. É o caso da coroa imperial, da Novo Império do Caratoíra; do leão da Mocidade Unida da Glória (MUG), em Vila Velha; da coruja da Unidos de Jucutuquara; da águia de Itaquari da Independente de Boa Vista, em Cariacica; e de tantas outras agremiações que se tornam elementos importantes de socialização e de identidade em seus territórios.
"Quando o samba se torna o principal elemento de um território, principalmente nas comunidades periféricas, ele dá àqueles atores que fazem parte dele um pertencimento que na maioria das vezes a sociedade não dá. Ele é muito mais que um estilo musical: é um estilo de vida. O samba é um quilombo em forma de música", declara o historiador-sambista.
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Oliveira Alves/TV Gazeta
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